Para
ex-ministra dos Direitos Humanos, Archer não era herói, mas traficante
A informação de que o corpo do brasileiro Marco
Archer Cardoso Moreira, executado no sábado (17) na Indonésia, após ter sido
condenado por tráfico de drogas, foi cremado e suas cinzas serão trazidas para
o Rio de Janeiro por sua tia, a advogada Maria de Lourdes Archer, provocou a
reação da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) em sua conta na rede de
microblogs Twitter. Rosário, que foi ex-ministra da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, questiona o interesse pelo local onde as
cinzas de Archer serão levadas no Brasil. E argumenta: "O sujeito não era
herói, era traficante."
No post publicado no Twitter, em que questiona o
interesse pelo local onde as cinzas do brasileiro executado na Indonésia serão
levadas, a ex-ministra dos Direitos Humanos pondera que foi contra a sua
execução. "Sou contra a pena de morte", reiterou. Mas não deixou de
criticar o interesse provocado pela informação do destino que terá as cinzas de
Archer, repercutido principalmente pela imprensa brasileira.
Preso na Indonésia desde 2003, Marco Archer era
carioca, tinha 53 anos e trabalhava como instrutor de voo livre. Ele foi detido
quando tentava entrar naquele país com 13 quilos de cocaína escondidos dentro
de tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta ao passar pelo aparelho de
raio-X, no Aeroporto Internacional de Jacarta. O brasileiro conseguiu fugir do
aeroporto, mas acabou preso duas semanas depois.
Em nota divulgada em seu site neste domingo (18), a
Anistia Internacional classificou de retrocesso para os direitos humanos a
execução de seis réus acusados de tráfico de drogas na Indonésia, cinco deles
estrangeiros, incluindo o brasileiro Marco Archer. "Este é um retrocesso
grave e um dia muito triste. A nova administração tomou posse prometendo fazer
dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas vai na
contramão desse compromisso", destacou Rupert Abbott, diretor de pesquisa
sobre a região do Sudeste Asiático e Pacifico da Anistia Internacional.
As execuções, realizadas no sábado (17) pelo
pelotão de fuzilamento, foram as primeiras desde que o presidente Joko Widodo
assumiu o cargo, em novembro do ano passado. Apesar da promessa de priorizar a
área de direitos humanos, Widodo é considerado linha dura com os crimes do narcotráfico
e rejeitou os pedidos de clemência para mudar a pena dos condenados, dentre
eles o da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Após tomar conhecimento - consternada e indignada -
da execução do brasileiro, Dilma lamentou o episódio e destacou que a pena de
morte, condenada crescentemente pela população mundial, afeta
"gravemente" as relações entre Brasil e Indonésia. A presidente ainda
dirigiu uma mensagem de conforto à família de Moreira e convocou o embaixador
do Brasil em Jacarta para consultas.
Além do brasileiro, o primeiro a ser executado por
crime no exterior, cinco presos foram condenados à morte no sábado (17) na
Indonésia. Outro brasileiro preso e condenado à morte em Jacarta, que teve o
pedido de clemência feito por Dilma também rejeitado, é o surfista Rodrigo
Gularte, de 42 anos. Ele foi detido em 2004, também no aeroporto de Jacarta,
com 12 pacotes de cocaín